SAV-Leste 2 - Minas Gerais e Espírito Santo

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quinta-feira, 25 de março de 2010

Mensagem do papa Bento XVI para a Quaresma 2010

A Igreja inicia, nesta quarta-feira de cinzas, o tempo da Quaresma, período em que os cristãos se preparam para a celebração da Páscoa. Todos os anos o papa publica uma mensagem conclamando os fiéis a viverem intensamente este tempo que é caracterizado como momento de penitência e conversão. Para 2010, Bento XVI escolheu a justiça como tema de sua mensagem.
“Qual é a justiça de Cristo? É antes de mais a justiça que vem da graça, onde não é o homem que repara, que cura si mesmo e os outros”, diz o papa. “Converter-se a Cristo, acreditar no Evangelho, no fundo significa precisamente isto: sair da ilusão da autosuficiência para descobrir e aceitar a própria indigência – indigência dos outros e de Deus, exigência do seu perdão e da sua amizade”.
Leia, abaixo, a íntegra da mensagem do papa para a Quaresma

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Queridos irmãos e irmãs, todos os anos, por ocasião da Quaresma, a Igreja convida-nos a uma revisão sincera da nossa vida á luz dos ensinamentos evangélicos. Este ano desejaria propor-vos algumas reflexões sobre o tema vasto da justiça, partindo da afirmação Paulina: A justiça de Deus está manifestada mediante a fé em Jesus Cristo (cfr Rom 3,21 – 22 ).

Justiça: “dare cuique suum”
Detenho-me em primeiro lugar sobre o significado da palavra “justiça” que na linguagem comum implica “dar a cada um o que é seu – dare cuique suum”, segundo a conhecida expressão de Ulpiano, jurista romana do século III. Porém, na realidade, tal definição clássica não precisa em que é que consiste aquele “suo” que se deve assegurar a cada um. Aquilo de que o homem mais precisa não lhe pode ser garantido por lei. Para gozar de uma existência em plenitude, precisa de algo mais intimo que lhe pode ser concedido somente gratuitamente: poderíamos dizer que o homem vive daquele amor que só Deus lhe pode comunicar, tendo-o criado á sua imagem e semelhança. São certamente úteis e necessários os bens materiais – no fim de contas o próprio Jesus se preocupou com a cura dos doentes, em matar a fome das multidões que o seguiam e certamente condena a indiferença que também hoje condena centenas de milhões de seres humanos á morte por falta de alimentos, de água e de medicamentos - , mas a justiça distributiva não restitui ao ser humano todo o “suo” que lhe é devido. Como e mais do que o pão ele de fato precisa de Deus. Nora Santo Agostinho: se “ a justiça é a virtude que distribui a cada um o que é seu…não é justiça do homem aquela que subtrai o homem ao verdadeiro Deus” (De civitate Dei, XIX, 21).
De onde vem a injustiça?
O evangelista Marcos refere as seguintes palavras de Jesus, que se inserem no debate de então acerca do que é puro e impuro: “Nada há fora do homem que, entrando nele, o possa tornar impuro. Mas o que sai do homem, isso é que o torna impuro. Porque é do interior do coração dos homens, que saem os maus pensamentos” (Mc 7,14-15.20-21). Para além da questão imediata relativo ao alimento, podemos entrever nas reações dos fariseus uma tentação permanente do homem: individuar a origem do mal numa causa exterior. Muitas das ideologias modernas, a bem ver, têm este pressuposto: visto que a injustiça vem “de fora”, para que reine a justiça é suficiente remover as causas externas que impedem a sua atuação: Esta maneira de pensar - admoesta Jesus – é ingênua e míope. A injustiça, fruto do mal, não tem raízes exclusivamente externas; tem origem no coração do homem, onde se encontram os germes de uma misteriosa conivência com o mal. Reconhece-o com amargura o Salmista: ”Eis que eu nasci na culpa, e a minha mãe concebeu-se no pecado” (Sl. 51,7). Sim, o homem torna-se frágil por um impulso profundo, que o mortifica na capacidade de entrar em comunhão com o outro. Aberto por natureza ao fluxo livre da partilha adverte dentro de si uma força de gravidade estranha que o leva a dobrar-se sobre si mesmo, a afirmar-se acima e contra os outros: é o egoísmo, consequência do pecado original. Adão e Eva, seduzidos pela mentira de Satanás, pegando no fruto misterioso contra a vontade divina, substituíram á lógica de confiar no Amor aquela da suspeita e da competição; á lógica do receber, da espera confiante do Outro, aquela ansiosa do agarrar, do fazer sozinho (cfr Gn 3,1-6) experimentando como resultado uma sensação de inquietação e de incerteza.
Como pode o homem libertar-se deste impulso egoísta e abrir-se ao amor?
Justiça e Sedaqah

No coração da sabedoria de Israel encontramos um laço profundo entre fé em Deus que “levanta do pó o indigente (Sl. 113,7) e justiça em relação ao próximo. A própria palavra com a qual em hebraico se indica a virtude da justiça, sedaqah, exprime-o bem. De fato sedaqah significa, dum lado a aceitação plena da vontade do Deus de Israel; do outro, equidade em relação ao próximo (cfr Ex 29,12-17), de maneira especial ao pobre, ao estrangeiro, ao órfão e á viúva (cfr Dt 10,18-19). Mas os dois significados estão ligados, porque o dar ao pobre, para o israelita nada mais é senão a retribuição que se deve a Deus, que teve piedade da miséria do seu povo. Não é por acaso que o dom das tábuas da Lei a Moisés, no monte Sinai, se verifica depois da passagem do Mar Vermelho. Isto é, a escuta da Lei , pressupõe a fé no Deus que foi o primeiro a ouvir o lamento do seu povo e desceu para o libertar do poder do Egito (cfr Ex s,8). Deus está atento ao grito do pobre e em resposta pede para ser ouvido: pede justiça para o pobre (cfr.Ecli 4,4-5.8-9), o estrangeiro (cfr Ex 22,20), o escravo (cfr Dt 15,12-18). Para entrar na justiça é portanto necessário sair daquela ilusão de auto – suficiência , daquele estado profundo de fecho, que á a própria origem da injustiça. Por outras palavras, é necessário um “êxodo” mais profundo do que aquele que Deus efetuou com Moisés, uma libertação do coração, que a palavra da Lei, sozinha, é impotente a realizar. Existe portanto para o homem esperança de justiça?

Cristo, justiça de Deus
O anuncio cristão responde positivamente á sede de justiça do homem, como afirma o apóstolo Paulo na Carta aos Romanos: “Mas agora, é sem a lei que está manifestada a justiça de Deus… mediante a fé em Jesus Cristo, para todos os crentes. De fato não há distinção, porque todos pecaram e estão privados da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente pela Sua graça, por meio da redenção que se realiza em Jesus Cristo, que Deus apresentou como vitima de propiciação pelo Seu próprio sangue, mediante a fé” (3,21-25). Qual é, portanto a justiça de Cristo? É antes de mais a justiça que vem da graça, onde não é o homem que repara, que cura si mesmo e os outros. O fato de que a “expiação” se verifique no “sangue” de Jesus significa que não são os sacrifícios do homem a libertá-lo do peso das suas culpas, mas o gesto do amor de Deus que se abre até ao extremo, até fazer passar em si “ a maldição” que toca ao homem, para lhe transmitir em troca a “bênção” que toca a Deus (cfr Gal 3,13-14). Mas isto levanta imediatamente uma objeção:
Que justiça existe lá onde o justo morre pelo culpado e o culpado recebe em troca a bênção que toca ao justo? Desta maneira cada um não recebe o contrário do que é “seu”? Na realidade, aqui manifesta-se a justiça divina, profundamente diferente da justiça humana. Deus pagou por nós no seu Filho o preço do resgate, um preço verdadeiramente exorbitante. Perante a justiça da Cruz o homem pode revoltar-se, porque ele põe em evidencia que o homem não é um ser autárquico , mas precisa de um Outro para ser plenamente si mesmo. Converter-se a Cristo, acreditar no Evangelho, no fundo significa precisamente isto: sair da ilusão da auto suficiência para descobrir e aceitar a própria indigência – indigência dos outros e de Deus, exigência do seu perdão e da sua amizade.
Compreende-se então como a fé não é um fato natural, cômodo, obvio: é necessário humildade para aceitar que se precisa que um Outro me liberte do “meu”, para me dar gratuitamente o “seu”. Isto acontece particularmente nos sacramentos da Penitencia e da Eucaristia. Graças á ação de Cristo, nós podemos entrar na justiça “ maior”, que é aquela do amor ( cfr Rom 13,8-10), a justiça de quem se sente em todo o caso sempre mais devedor do que credor, porque recebeu mais do que aquilo que poderia esperar.
Precisamente fortalecido por esta experiência, o cristão é levado a contribuir para a formação de sociedades justas, onde todos recebem o necessário para viver segundo a própria dignidade de homem e onde a justiça é vivificada pelo amor. Queridos irmãos e irmãs, a Quaresma culmina no Triduo Pascal, no qual também este ano celebraremos a justiça divina, que é plenitude de caridade, de dom, de salvação. Que este tempo penitencial seja para cada cristão tempo de autentica conversão e de conhecimento intenso do mistério de Cristo, que veio para realizar a justiça. Com estes sentimentos, a todos concedo de coração, a Bênção Apostólica”.

Vaticano, 30 de Outubro de 2009

terça-feira, 16 de março de 2010

PRINCÍPIOS DA PASTORAL VOCACIONAL

Pastoral Vocacional


A Pastoral Vocacional, como parte integrante da vida da Igreja, é uma das suas preocupações fundamentais. Constitui, por isso, uma prioridade pastoral. “Um generoso empenho certamente há-de ser posto – sobretudo através de uma oração insistente ao Senhor da messe (cf. Mt 9,38) – na promoção das vocações ao sacerdócio e de especial consagração. Trata-se dum problema de grande importância para a vida da Igreja em todo o mundo”.


PRINCÍPIOS DA PASTORAL VOCACIONAL

Chamados à comunhão

A ação vocacional na pessoa só pode acontecer num dinamismo de aliança e de comunhão com Deus no amor. Consciente de que foi escolhido por Deus desde sempre, o indivíduo que é chamado deixa-se envolver na aventura da relação e do amor. Homem de Deus que faz uma experiência diária de comunhão e de diálogo com Deus, o chamado descobre os projetos de Deus, identifica-se com eles e aceita testemunhá-los no mundo. O amor de Deus que lhe enche o coração, compromete-o no amor aos irmãos. “É por isso que todos saberão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (Jo 13,35). A caridade é verdadeiramente o coração da Igreja, o amor é a chave de todas as vocações, no dizer de S. Teresa de Lisieux: “Compreendi que a Igreja tem um coração, um coração ardente de amor; compreendi que só o amor fazia atuar os membros da Igreja; compreendi que o amor encerra em si todas as vocações, que o amor é tudo”.
Falar da vocação e das vocações significa falar da realidade mais profunda da pessoa. Não se trata apenas de buscar a satisfação de um mero desejo pessoal ou de se sentir realizado em determinadas tarefas gratificantes. É um processo que se passa ao nível mais profundo da pessoa. O mais importante e decisivo é a resposta ao chamamento a seguir Jesus na Igreja e a continuar a sua missão no mundo, que pode levar à consagração total da pessoa. Qualquer tipo de vocação assumida nesta perspectiva, abre para um projeto belo e nobre de realização da pessoa humana nas suas mais profundas aspirações: no dom de si, na relação com os outros, na transformação da sociedade e do mundo, segundo o projeto salvífico de Deus.
A ação vocacional procede da decisão amorosa e maternal da Igreja de prestar o melhor serviço a todas e a cada uma das pessoas, para serem elas mesmas segundo o projeto de Deus, para descobrirem “o dom de Deus” e o Seu amor incondicional e único e para assumirem o serviço salvífico que devem prestar na Igreja e no mundo.
A ação vocacional tem como dever “premente e irrecusável anunciar e testemunhar o sentido cristão da vocação”, a boa notícia do chamamento. O povo cristão tem direito a escutar este “Evangelho da Vocação”.
A ação vocacional deve procurar atingir todas as pessoas, em todas as idades e ao longo de toda a vida. A pastoral vocacional não conhece fronteiras; dirige-se a todos e não apenas a algumas pessoas privilegiadas, porque todo o ser humano tem o desejo de conhecer o sentido da vida e do seu lugar na história; é uma proposta contínua que não acontece apenas uma vez na vida; não é só para jovens, pois o convite do Senhor a segui-lo dirige-se a todas as idades e a vocação considera-se plenamente realizada na hora da morte.
A ação vocacional acontece no mistério de Deus:
parte do Mistério de Deus para reconduzir ao mistério do homem,
parte da centralidade da Ressurreição de Cristo na vida da Igreja e na vocação para provocar a resposta da pessoa,
parte do dinamismo radical da escatologia para captar os sinais do Espírito na história. Sem esta abertura ao mistério em sentido pleno, não existe vocação nem pastoral vocacional. A pessoa humana realiza-se vocacionalmente neste movimento que envolve toda a sua vida e que é o fundamento do caminho de discernimento vocacional.
Chamados a anunciar o Evangelho da Esperança
Toda a pastoral da Igreja tem o seu fundamento teológico na eclesiologia renovadora do Concílio Vaticano II, que define a Igreja como comunhão e missão. A comunhão encarna e manifesta a essência da Igreja.
“Promover uma espiritualidade de comunhão, elevando-a ao nível de princípio educativo em todos os lugares onde se plasma o homem e o cristão, onde se educam os ministros do altar, os consagrados, os agentes pastorais, onde se constroem as família e as comunidades…”, antes de quaisquer programas, iniciativas ou ações pastorais, é o grande desafio para todos os que procuram ser fiéis ao desígnio de Deus e corresponder às expectativas do mundo.
A pastoral das vocações, situa-se na compreensão da Igreja como comunhão e missão. Sendo assim, os vocacionados ao ministério dão continuidade ao serviço de Jesus, ungido pelo Espírito Santo, para levar a Boa Nova aos pobres, a luz aos que andam nas trevas, a liberdade aos que estão prisioneiros, a vida a todos os homens.
Toda a vocação na Igreja está ao serviço da santidade. Algumas, como a vocação ao ministério ordenado e à vida consagrada, fazem-no de modo singular. A vocação sacerdotal é essencialmente uma chamada à santidade na forma que nasce do Sacramento da Ordem. A santidade é intimidade com Deus, é imitação de Cristo pobre, casto e humilde; é amor sem reserva às almas e entrega pelo seu próprio bem; é amor à Igreja que é santa e nos quer santos, porque assim é a missão que Cristo lhe confiou. Cada um de vós deve ser santo também para ajudar os irmãos a seguir a sua vocação à santidade. A vida consagrada revela a íntima natureza de toda a vocação cristã à santidade e a tensão de toda a Igreja-Esposa para Cristo, seu único Esposo, apontando para o valor absoluto e escatológico da proposta de vida assumida.
A Igreja, chamada por Deus, constituída no mundo como comunidade de chamados, é, por sua vez instrumento do chamamento de Deus. A comunidade que toma consciência de ser chamada, ao mesmo tempo toma consciência de que deve chamar continuamente. Através e ao longo desse chamamento, nas suas várias formas, flui também o apelo que vem de Deus.

Neste sentido a Igreja é mãe das vocações, geradora e educadora de vocações: com a força do Espírito, faz nascer, protege e alimenta; procura que tenham uma adequada formação inicial e permanente, acompanhando-as ao longo do caminho.
ORIENTAÇÕES PARA A PASTORAL VOCACIONAL
Linhas de ações da Pastoral Vocacional
Uma cultura do chamamento
Comunidade de chamados, a Igreja chama. As novas condições históricas e culturais exigem que a pastoral das vocações seja vista como um dos objetivos primários de toda a comunidade cristã. Isto supõe e exige dar início a uma cultura do chamamento, ou seja, passar de uma atitude da espera e do acolhimento dos que se sentem chamados e se oferecem para as diversas vocações, especialmente para o sacerdócio ministerial e para a vida de especial consagração religiosa e secular, a uma pastoral da proposta direta, do convite e do chamamento pessoal.
A responsabilidade é de toda a Igreja
Todos e cada um dos membros da Igreja devem ser mediadores da proposta vocacional.
Os Bispos e os Presbíteros têm um lugar especial nesta mediação que, de modo algum, se esgota neles. Por força da sua fé, o discípulo de Jesus deve tomar sobre si a vocação do outro. O ministério do apelo vocacional diz respeito a todo o cristão: aos pais, aos catequistas, aos educadores, aos professores, em especial os professores de Educação Moral e Religiosa Católica, e não apenas aos bispos, presbíteros e diáconos ou aos consagrados da vida religiosa e secular.
Do mesmo modo, o apelo vocacional, deve ser uma ação que envolve toda a comunidade nas suas diversas expressões: famílias cristãs, grupos, movimentos, paróquias, dioceses, institutos religiosos e seculares.
A ação vocacional é a categoria unificadora da pastoral em geral
Acolhendo os sinais da presença do Espírito na Igreja, trata-se antes de qualquer coisa de introduzir o anúncio vocacional nos sulcos da pastoral ordinária. O objetivo da pastoral e o critério de avaliação está nessa relação intrínseca com a dimensão vocacional.
A pastoral vocacional entende-se em íntima relação com as outras dimensões da pastoral (familiar e cultural, litúrgica e sacramental), com a catequese e as formas de catecumenato, com os vários grupos de animação e formação cristã, com os movimentos e, especialmente, com a pastoral juvenil. Em todo este processo terá um papel importante a solicitude dos pais cristãos.
Dom do Pai e situadas no plano do mistério que só Deus conhece e pode revelar, as vocações nascem e desenvolvem-se graças à mediação da Igreja orante. Na verdade, Deus ao prometer à sua Igreja pastores segundo o seu coração, também diz: “Rogai ao Senhor da messe que envie trabalhadores para a Sua messe” (Mt 9,38). Por isso, a oração, que empenha não apenas os indivíduos, mas também todas as comunidades eclesiais, é a base de toda a pastoral vocacional e é caminho para o discernimento vocacional.
A oração, em particular, a eucaristia e a adoração eucarística, possibilita o encontro profundo do orante com a pessoa de Jesus Cristo em toda a sua plenitude e a resposta ao seu chamamento, deixando tudo para segui-lo.
Redescobrir o acompanhamento espiritual pessoal.
Para cumprir a sua missão de guia de cada pessoa na descoberta da própria vocação, a ação vocacional deve empenhar-se na redescoberta da tradição do acompanhamento espiritual pessoal mediante o qual se visibiliza o acompanhamento do Mestre interior que é o Espírito, o grande animador de toda a vocação, Aquele que acompanha o caminho para que chegue à meta.
Viver a alegria da fidelidade à vocação
A ação vocacional deve ajudar a viver fielmente aqueles que foram chamados a uma determinada vocação. Insere-se no dinamismo de uma autêntica pastoral de fidelidade à própria vocação, que tem por base a dimensão testemunhal da vocação como caminho de felicidade no serviço da Igreja.
Fomentar as experiências do voluntariado
A ação vocacional deverá fomentar e apoiar as experiências do voluntariado como “pastoral do serviço” gratuito, especialmente aos mais pobres e necessitados, educando para o valor do sacrifício, da doação incondicional e gratuita, para o empenhamento desinteressado, para aceitar o convite a perder a vida. Deste modo, o voluntariado converter-se-á em caminho de compromissos progressivos que podem levar, de chamamento em chamamento, a decisões definitivas, até numa vocação de especial consagração.
Desafios à Pastoral Vocacional
Necessidade e urgência de uma estrutura global
Falando especificamente das vocações ao sacerdócio e de especial consagração, João Paulo II propõe esta orientação fundamental para o novo milênio: “é necessário e urgente estruturar uma vasta e capilar pastoral das vocações, que envolva as paróquias, os centros educativos, as famílias, suscitando uma reflexão mais atenta sobre os valores essenciais da vida, cuja síntese decisiva está na resposta que cada um é convidado a dar ao chamamento de Deus, especialmente quando este pede a total doação de si mesmo e das próprias forças à causa do Reino”.
A recente Exortação Apostólica Ecclesia in Europa fala da vocação como missão de toda a Igreja ao serviço do Evangelho da esperança: “Servir o Evangelho da esperança com uma caridade que evangeliza é obrigação e responsabilidade de todos. De fato, seja qual for o carisma e o ministério de cada um, a caridade é a estrada mestra apontada a todos e que todos podem percorrer: é a estrada que toda a comunidade eclesial é chamada a percorrer seguindo as pegadas do seu Mestre”.
Nova cultura vocacional
Promover uma cultura da vocação implica fomentar a cultura da vida e da abertura à vida, discernir o significado do viver e do morrer, incentivar a busca de sentido e o desejo da verdade, colocar as grandes perguntas que dão sentido pleno às pequenas respostas que provocam grandes decisões, como a opção pela fé. A penúria das “vocações específicas” tem a ver com a ausência de cultura da vocação, apoiada num modelo de homem sem vocação. Esta nova cultura vocacional, inerente a todo o crente e à comunidade cristã, abrange todo um conjunto de valores não muito emergentes na cultura atual: a gratidão, o acolhimento do mistério, a compreensão do homem como ser na sua finitude, a abertura ao transcendente, a disponibilidade em se deixar chamar pelos outros ou pelo Outro, a confiança em si próprio e no próximo, a liberdade de acolher responsavelmente o dom recebido.
“Salto de qualidade” na pastoral vocacional.
Este “salto de qualidade” significa a exigência de uma mudança radical, que tenta compreender a direção que Deus está a imprimir à nossa história:
a pastoral das vocações como expressão da maternidade da Igreja, aberta ao plano de Deus que nela gera vida; a promoção de todas as vocações;
a coragem de apresentar a todos o anúncio e a proposta vocacional;
a atividade vocacional marcada pela esperança cristã, que nasce da fé e se projeta na novidade e no futuro de Deus;
a certeza de que em toda a pessoa há um dom de Deus à espera de ser descoberto;
o objetivo da promoção vocacional como serviço à pessoa para que saiba discernir o projeto de Deus na sua vida para a edificação da comunidade;
a certeza de que Deus continua a chamar em toda a Igreja e em todo o lugar;
a educação vocacional inspirada no método do acompanhamento;
o animador vocacional como educador para a fé e formador de vocações, numa ação mais conjunta;
a coragem do inconformismo e do questionamento, na busca de um novo impulso criativo e testemunhal;
a vocação como realização profunda da pessoa, na resposta ao chamamento especial de Deus.
ESTRUTURAS PASTORAIS
A Igreja como comunidade de convocados deve manifestar em toda a sua ação vocacional a comunhão das diferentes vocações entre si e a preocupação por todas as vocações. Por isso, na direção, na orientação e nas atividades de todos os organismos e estruturas, a nível paroquial, diocesano e nacional, deverão estar representadas, na sua pluralidade, as vocações e ministérios eclesiais. Esta exigência não corresponde apenas a uma questão meramente organizativa, mas é manifestação e fruto do espírito novo que deve estar presente na pastoral vocacional da Igreja, que é o espírito de comunhão. “A crise vocacional é também crise de comunhão em promover e fazer crescer as vocações”. As vocações desenvolvem-se onde se vive um espírito autenticamente eclesial, numa Igreja como comunhão.
Dissemos que toda a ação pastoral tem uma dimensão vocacional. Nesse sentido, temos a tarefa de promover formas para que esse dinamismo vocacional se concretize nas nossas Igrejas particulares: “o Bispo há-de procurar que a pastoral juvenil e vocacional seja confiada a sacerdotes e outras pessoas capazes de transmitirem, com o entusiasmo e o exemplo da sua vida, o amor a Jesus. A sua missão será acompanhar os jovens, por meio duma relação pessoal de amizade e, se possível, de direção espiritual, para ajudá-los a identificarem os sinais de vocação de Deus e a buscarem a força para lhe corresponder na graça dos sacramentos e na vida de oração, que é primariamente uma escuta de Deus que fala”.
Nas dioceses e paróquias, famílias e centros educativos, movimentos e institutos de vida consagrada, é urgente e necessário que todos se envolvam nas estruturas da pastoral das vocações de uma maneira empenhada e interpeladora.

CONCLUSÃO

Vivemos um tempo de perplexidade e de esperança. No Espírito, somos interpelados a atitudes positivas de confiança. Deus não abandona o Seu Povo. Este será servido e a ele será anunciada a Boa Nova por instrumentos mediadores adaptados aos tempos. Os modos terão de ser diferentes; a atitude de chamamento e resposta não podem mudar, são algo de permanente. Deus escolhe e chama, o homem responde livremente a esse apelo.
O problema das vocações tem raízes profundas. As vocações específicas, sacerdotais e de especial consagração, precisam de um húmus apropriado. É preciso transformar a cultura, recuperar os valores, reencontrar o interesse pelas grandes questões da vida, retomar o sentido do mistério e do transcendente, ousar sonhar e ter ideais, cuidar da qualidade evangélica da vida cristã. É uma questão de vida da fé, que diz respeito a todos os cristãos.
Novas vocações surgirão na medida em que houver compromisso e testemunho da vocação batismal, comunidades eclesiais entusiasmadas com a presença do Ressuscitado e capazes de anunciar o Evangelho transformador da esperança.
Na proposta vocacional, procurem as nossas comunidades eclesiais ser mais entusiastas e entusiasmadoras, mais alegres e vivas, menos tímidas e mais arrojadas, mais corajosas e encorajadoras, mais otimistas e portadoras de esperança.
É hora de chamar com a audácia dos verdadeiros apóstolos. Também aqui é imperioso “fazer-se ao largo” numa mentalidade nova e com iniciativas diferentes.
É fundamental suscitar e acompanhar vocações à maneira de Jesus: semear, acreditando que é Deus quem semeia; acompanhar, fazendo caminho com aquele que é chamado à vocação; descobrir que Jesus faz caminho com aquele que se vê chamado; falar com clareza e exigência, apelando ao testemunho da radicalidade e à imitação de Cristo sem reservas; ajudar a tomar decisões e a comprometer-se; ajudar a descobrir critérios de discernimento vocacional.
O futuro da fé cristã passa pelo cuidado das vocações. Face à cultura dominante e à carência de seminaristas e de aspirantes à vida religiosa, a pastoral das vocações tem um papel determinante em suscitar, acompanhar e ajudar a discernir o serviço dos ministros ordenados e dos consagrados, numa Igreja que deseja anunciar, celebrar e servir o Evangelho da esperança.
A quantos têm dedicado o seu melhor entusiasmo a esta causa deixamos uma palavra de gratidão e apreço, certos de que o Senhor da messe os recompensará abundantemente.
Exortamos todos os fiéis, em particular os jovens, para que tenham o coração aberto ao chamamento do Senhor Jesus que convida a segui-lo, Ele que é Caminho, Verdade e Vida.
Só Ele é sentido pleno para a vida. Que a procura de Deus na oração e a atenção aos sinais dos tempos sejam atitudes constantes que possibilitem o acolhimento dos apelos de Deus, como resposta à vocação e desafio à missão.
Exortamos todos os que aceitam o convite do Senhor a segui-Lo de maneira mais radical - presbíteros, diáconos e consagrados religiosos e seculares - a que vivam e atuem de forma coerente com a sua opção vocacional. Sejam testemunhas alegres e autênticas de Cristo Ressuscitado como única esperança para o mundo. Vivam em gratuidade total o amor e o serviço à causa do Reino.
Exortamos as famílias, os catequistas e os professores cristãos a que promovam uma autêntica cultura vocacional, ajudando os jovens a descobrir o projeto que Deus tem para cada um, cultivando a disponibilidade em fazer da vida um dom para a missão, motivando-os para o encontro pessoal com o Senhor. Encorajamos as famílias a viverem como verdadeiras “igrejas domésticas”, sendo espaços que possibilitem o surgir das diferentes vocações.
Que a Virgem Maria, a mulher orante que na escuta de Deus soube dizer sim, seja modelo de disponibilidade total para aqueles que aceitam o projeto de Deus e geradora de vocações ao serviço da Igreja para a vida do mundo.

Guia da Pastoral Vocacional,
Comissão Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada.

segunda-feira, 15 de março de 2010

EVOLUÇÃO DA MATURIDADE PSICO-AFETIVA

EVOLUÇÃO DA MATURIDADE PSICO-AFETIVA
Na estrutura da personalidade interagem três dimensões estreitamente interterdependentes: a psico-física, a psíquica do eu empírico e a dimensão espiritual do eu autônomo.
De um ponto de vista dinâmico encontramos três necessidades fundamentais que constituem uma tríplice dimensão da personalidade. Tais necessidades serão aqui expostas numa visão que supera as teorias freudianae adleriana, e realça o caráter primário da necessidade social.
A expansão vital. Esta comporta a expressão das próprias potencialidades e a afirmação de si. Tal dinamismo é caracterizado pela agressividade, compreendida como agressividade construtiva, que pertence ao Eu livre de conflitos, que se identifica com a energia que impulsiona para a expansão e a afirmação de si e se traduz numa sadia “combatividade”.
A sexualidade. Esta, ao início da vida manifesta-se na sensualidade e numa simples busca do prazer sensível e é regulada pelo princípio do prazer.
Os dois componentes – agressividade e libido – estão profundamente enraizadas em nosso ser e tendem à busca de satisfação. Somente através da sublimação, entendida como um deslocamento das cargas pulsionais sobre objetos e fins diversos daqueles que lhe são próprios, consegue-se tornar construtiva seja a libido como a agressividade.
O contato social. Esta necessidade é expressão do instinto de socialização, traduz-se nas várias formas de comunicação interpessoal e é vivido pelo indivíduo com participação do componente afetivo e de ternura. Esta última evidencia a estreita relação entre sexualidade e socialização. Observe-se, porém que a ternura não é uma sublimação da sexualidade, como afirmou Freud e seus seguidores, mas representa uma forma primária do amor, pré-existente ao despertar da sexualidade.
Pode-se concluir que a pessoa adulta e madura apresenta uma sexualidade na qual se nota uma harmônica integração entre sensualidade, ternura e agressividade construtiva.
Neste momento é oportuno apresentar as quatro atitudes que caracterizam o processo de crescimento para a maturidade, partindo do estágio infantil. São elas: a autoconsciência, o princípio dos valores, a capacidade de amar e a liberdade.
1) Conhecimento de si e realismo
A criança que não chegou ao pensamento lógico não consegue distinguir entre o mundo objetivo e aquele subjetivo. O seu pensamento é ainda intuitivo e colhe a realidade através do prisma da afetividade e da imaginação. Nos primeiros anos de vida a criança avalia a realidade externa na base do grau de satisfação ou de insatisfação que ela oferece às suas necessidades.
É sabido que a estrutura infantil reage ao valor imediato, não reflexivo, que a realidade representa nos confrontos das exigências presentes.
Quando surge o pensamento lógico, a criança consegue distinguir o mundo exterior do mundo interior. A visão do mundo torna-se mais objetiva, como também a visão do próprio mundo interior. A projeção dos próprios sentimentos e imagens sobre os dados da percepção diminui gradualmente. Esta linha de desenvolvimento entra no realismo do ser humano maduro.
Realismo significa capacidade de perceber e de avaliar a realidade exterior com objetividade, isto é, sem as deformações que provêm do mundo interior do sujeito sobre o mundo exterior. A visão objetiva da realidade exterior não pode dar-se sem a consciência do próprio mundo interior. A consciência de si e a relação objetiva com a realidade exterior, ou seja, o realismo, é considerado pela maioria dos autores de todas as tendências, como o critério fundamental da maturidade afetiva.
2) Princípio da realidade e dos valores
Deve-se à psicanálise a descrição de três princípios que se aproximam no arco da idade evolutiva e que pontuariam a atitude que a criança assume para consigo mesma, para com a realidade e para com os valores. É índice de caminho para a maturidade a gradual superação dos dois primeiros níveis de motivação, para inspirar-se, estavelmente nos valores a própria conduta.
Eis os três princípios nos quais normalmente eles deveriam parecer e agir de modo prevalente:
a) O princípio do prazer: desenvolve-se em nível de motivação biológica e manifesta-se num movimento de querer o que agrada e a afastar o que desagrada. Isso domina no primeiro ano de vida, e continua até o terceiro ano junto ao princípio da realidade que gradativamente vai afirmando-se.
b) O princípio da realidade: este se move em nível de motivação social, como senso de realidade física e também social, e se traduz na capacidade de organizar a atividade considerando a realidade externa. Esse domina o comportamento da criança entre os 3 e os 8 anos, e tende a comprometer-se com o princípio do prazer, especialmente na vida afetiva, mas num nível mais adulto e adequado.
c) Princípio dos valores: este opera em nível de motivação pessoal e se distingue na promoção de uma conduta inspirada numa escala de valores sentidos como próprios do indivíduo. Isto entra em ação, geralmente, depois da puberdade, se o adolescente pode usufruir de uma educação adequada.
Este desenvolvimento leva a pessoa àquela característica da maturidade, chamada “integração da personalidade”, a qual exige a capacidade de controle dos próprios impulsos e a capacidade de transformar os impulsos para adequar a sua satisfação às exigências da realidade social. A integração supõe equilíbrio ao interno do sujeito, entre as diversas necessidades, entre as necessidades e os valores, e entre exigências individuais e exigências sociais. Trata-se de três aspectos da integração pessoal, pela qual fala-se de:
1) Equilíbrio afetivo, quando temos uma harmônica integração entre sexualidade e agressividade;
2) Maturidade moral, quando existe integração entre a esfera afetiva e aquela da razão e dos valores;
3) Maturidade social, quando a pessoa sabe harmonizar as suas exigências individuais com os deveres sociais.
Deve-se notar que a maturidade moral e aquela social pressupõem o equilíbrio afetivo, ou seja, a integração entre sexualidade e agressividade.
4) Amor como Dom
No campo das relações humanas nota-se uma evolução que, partindo de uma atitude egocêntrica na criança, orienta-se para uma abertura aos outros, uma capacidade de colaboração, de considerar as exigências dos outros, de doar-se para o bem de alguém. Tal disposição oblativa leva à colaboração e ao amor como Dom de si aos outros e como acolhida.
As três disposições acima – conhecimento de si, capacidade de motivar a vida em base a valores e amor oblativo – constituem três critérios psicológicos de maturidade humana, que é possível analisar partindo do comportamento. A estes se pode acrescentar um quarto, que pertence ao campo da filosofia. Este nos faz comprender como o processo de maturação psicológica consista em atingir um grau de liberdade tal pela qual o ser humano supera o determinismo biológico social.
5) Liberdade e criatividade
O ser humano maduro é a pessoa livre, capaz de atos livres, de atos condicionados, mas não determinados pela situação biológica e social na qual o indivíduo encontra-se inserido. Portanto, a pessoa madura é uma pessoa criadora de valores. A sua vida não é uma repetição daquilo que viveu na infância. A pessoa madura, livre e criadora, é uma pessoa que cria novos valores: os valores ideais, que orientam a sua vida, tornam-se valores reais que adquirem uma concretude encarnando-se nas condições psico-sociais de sua vida.
Daqui nasce a plasticidade e a flexibilidade do comportamento da pessoa madura, que, embora mantendo-se fiel a seu ideal, sabe adaptar-se às circunstâncias da vida e encontra uma forma de responder ao chamado do ideal, respondendo também às exigências da realidade.
É isto que confere ao ser humano maduro aquela abertura à realidade que o torna plenamente humano. Ao mesmo tempo ele se torna um modelo que convida a transcender a realidade atual através de um ideal de vida superior.

domingo, 14 de março de 2010

MATURIDADE HUMANA E IDONEIDADE VOCACIONAL

MATURIDADE HUMANA E IDONEIDADE VOCACIONAL
Ao falar de idoneidade compreende-se a relação ou referência com um estado de vida ou com um determinado empenho que exige certas qualidades ou habilidades. Para saber se uma pessoa é idônea para a vida religiosa ou sacerdotal, é necessário estabelecer quais são as exigências desse estado de vida.
1. Conceito de maturidade psico-afetiva

O termo “maturidade psicológica” inclui vários aspectos, para cada um dos mesmos pode-se especificar um tipo característico de maturidade.
Na psicologia, o aspecto central é aquele da maturidade psico-afetiva. De fato,quando se fala de maturidade humana apresentam-se as conotações da maturidade psico-afetiva. Assim, os critérios elencados por diversos autores para descrever a maturidade humana, estão em estreita relação com a maturidade afetiva. Mas sempre é preciso considerar que é uma questão de grau de uma constante entre total imaturidade e total maturidade. Por certas características pode-se falar em maturidade ou imaturidade, como diferença qualitativa. Giordani (1979), apresenta como exemplo, Allport, o qual propõe seis critérios para delinear a maturidade humana:

1. Extensão do senso do Eu: desprendimento progressivo do imediatismo do corpo e do egocentrismo;
2. Relação cordial com os outros: profundidade e variedade de relações humanas;
3. Segurança emocional: auto-aceitação e tolerância à frustração;
4. Percepção realista, habilidade e empenho: visão realista do mundo exterior e capacidade de encontrar uma satisfação suficiente ao nível do real, sem evasão para o mundo imaginário.
5. Auto-objetivação, compreensão de si e senso de humor: visão realista e objetiva de si mesmo e aceitação emocional da própria realidade;
6. Concepção unificadora da vida: integração da afetividade no ideal de vida.
Pode-se dizer que na pessoa humana, as forças afetivas encontram-se integradas entre elas e com a razão de modo que esta possa utilizá-las tornando-as “racionais”. A fusão harmônica entre a razão e a afetividade produz na pessoa um elevado grau de maturidade, libera a sensualidade e a agressividade da escravidão do bem aparente, orientando-as para o bem global da pessoa e para a criatividade.
O ser humano maduro goza de uma notável liberdade interior e torna-se capaz de amor propriamente “humano”, que assume e integra a nível espiritual o amor biológico (o carnal) e o psíquico (o erótico). Poder-se-ia definir a maturidade afetiva como “a plenitude da afetividade inteligente e a sua integração com a afetividade sensível”. Isso implica um ‘ter nas mãos’ os afetos, a inteligência e a vontade, a serviço de uma causa nobre, altruísta, de nível espiritual.
Deve-se notar que a plena maturidade psico-afetiva permanece um horizonte ao qual os indivíduos tentam aproximar-se sem atingi-lo plenamente. Pode-se dizer que a maturidade afetiva não consiste em eliminar todos os resíduos afetivos infantis (o que é praticamente impossível), mas é preciso tomar consciência do nosso grau de infantilismo, no aceitá-lo emocionalmente e integrá-lo no contexto mais amplo da personalidade.

2. Características da pessoa madura
É inútil traduzir o conceito de maturidade psíquica apresentando uma descrição fenomenológica do comportamento típico da pessoa madura. O comportamento, especialmente aquele que se assume nos momentos “críticos” da vida, manifesta o nível de integração e de maturidade de indivíduo. Em momentos mais decisivos a pessoa serve-se de sua estrutura cognitiva que é o conjunto de suas experiências, crenças... que interferem nas decisões. Por isso, nestes momentos pode-se com certa facilidade avaliar o grau de maturidade da pessoa.
Giordani (1979), apresenta o elenco proposto por F. Redl e D. Wineman para avaliar a maturidade afetiva do jovem e que S. Filipi aceitou como válido para expressar um juízo também sobre a pessoa adulta.

Critérios propostos:
1. Tolerância à frustração e à ambigüidade das situações.
Capacidade de enfrentar situações frustrantes com serenidade. Quem é imaturo não tem a força de suportar a frustração ou a incerteza da situação: a espera e a ambigüidade são vividas como ameaças para o futuro. As reações estendem-se numa ampla gama que vai desde a crítica corrosiva e do fechamento aos outros, até a desorganização da personalidade.
2. Controle da ansiedade e da insegurança.
Diante de um perigo, o sujeito imaturo desorganiza-se emocionalmente e tem reações desproporcionadas e de tipo infantil. Às vezes pode controlar-se externamente, mas tal controle não é consciente e nem governado pela vontade, mas é fruto de algum mecanismo de defesa. A pessoa madura age de forma contrária.
3. Resistência às solicitações.
De fronte às instigações, sejam internas que ambientais (pressão do grupo ou da multidão), o ser humano maduro consegue permanecer dono de si e coerente com os próprios princípios morais. Sabe-se que as pressões do grupo reduzem notavelmente o senso de responsabilidade e a capacidade de decisão autônoma.
4. Adaptação a situações novas.
Cada inovação é fonte de certa insegurança e de ansiedade. Quem é maduro suporta estes estados de ânimo sem desorganizar-se emocionalmente. Maduro é aquele que se coloca diante das inovações com senso crítico e justo. A capacidade de adaptar-se a situações novas é sinal de maturidade. O imaturo, ao invés, sente-se ameaçado e recorre a comportamentos infantis ou a mecanismos de defesa para enfrentar a ansiedade.
5. Capacidade de autocontrole.
É próprio do ser humano maduro permanecer coerente com seus princípios também na ausência física de pessoas significativas para ele. Ele aceita e observa as leis, mas sem sentir-se obsessionado nem escravo das suas exigências. Observa-as com convicção e com espírito de liberdade. A pessoa imatura, ao invés, agarra-se às pessoas ou às normas (sejam externas sejam internalizadas) para sentir-se seguro, e torna-se escravo.

7. Comportamento flexível, plástico.
A pessoa madura considera a realidade social na qual vive e sabe adaptar o próprio comportamento respeitando as exigências do ambiente sem tornar-se escravo, buscando promover o crescimento em si mesmo e nos outros. O imaturo é incapaz de tal plasticidade: fixa-se rigidamente em posições egocêntricas de defesa psíquica, descuidando as exigências dos outros.
8. Capacidade de dar e receber.
Quem é maduro possui uma disposição altruística que o leva a doar-se aos outros, e goza de uma liberdade interior que lhe permite de aceitar quando lhe vem oferecido (especialmente no campo afetivo) e de gozar serenamente de maneira construtiva. O imaturo, inversamente, não consegue nem se abrir nem se doar aos outros, nem mesmo colher as pessoas ou a aceitar os seus “dons”. Tal incapacidade tem suas raízes na falta de aprendizado no dar e receber das primeiras fases de desenvolvimento emocional.
9. Aceitação do senso de culpa.
A pessoa madura toma livremente consciência dos insucessos e dos erros cometidos, sem tentar negá-los; aceita-os com senso de responsabilidade e os utiliza para reparar o mal feito e aprender um comportamento mais correto e construtivo. No imaturo, ao invés, o senso de culpa provoca uma desorganização que o bloqueia e lhe faz assumir atitudes improdutivas, desproporcionadas com a situação, autopunitivas. Outras vezes o senso de culpa está tão ausente porque, incapaz de suportá-lo, o elimina recorrendo a algum mecanismo de defesa (sublimação ou formação reativa).
10. Capacidade de esperar.
A transcorrência do tempo é vivido pela pessoa madura, sem ansiedade, sem pressa e com senso de confiança no futuro. O imaturo não suporta a ansiedade da espera, não sabe adiar a satisfação dos próprios impulsos porque não pode fazer a menos, ou teme perder para sempre a ocasião de fazê-lo.
11. Poder de sublimação.
A sublimação é uma espécie de transferência de uma força para um outro campo. Para Freud e para os psicanalistas em geral, a sublimação é um simples mecanismo de defesa no qual os impulsos libidinais ou agressivos são deslocados ou canalizados para metas socialmente aceitáveis e, culturalmente criativas.
O ser humano maduro, ao invés, é capaz de operar sobre os próprios instintos um processo sublimatório o qual vem apresentado na concepção humanística da pessoa humana. A realização de si e a conseqüente satisfação dizem respeito a toda a pessoa, e não um motivo singular ou um impulso particular. O ser humano maduro identifica a auto-realização com o a aquisição de valores que ele sente como um bem para si mesmo. Essa visão permite-lhe investir todas as próprias energias no empenho de conseguir a meta que ele se propôs. Em tal empenho, enfrenta generosamente as privações e renúncias requeridas, sem sentir-se frustrado; ele encontra uma satisfação de base que lhe faz perceber como periférica, e não necessária, a gratificação dos singulares impulsos.
12. Tomada de consciência.
Quem é maduro tem a liberdade e a coragem de tomar consciência das próprias ações, das intenções e dos sentimentos que se movem nele. Não tenta remover ou negar – como, ao invés, faz o imaturo - os sentimentos e os fatos desagradáveis, nem projetará para os outros as próprias culpas e os próprios defeitos.

sábado, 13 de março de 2010

MENSAGEM DO PAPA BENTO XVI PARA O 44º DIA MUNDIAL DAS COMUNICAÇÕES SOCIAIS

“O sacerdote e a pastoral no mundo digital: os novos media ao serviço da Palavra"
[Domingo,16 de Maio de 2010]

Queridos irmãos e irmãs!
O tema do próximo Dia Mundial das Comunicações Sociais – “O sacerdote e a pastoral no mundo digital: os novos media ao serviço da Palavra” – insere-se perfeitamente no trajeto do Ano Sacerdotal e traz à ribalta a reflexão sobre um âmbito vasto e delicado da pastoral como é o da comunicação e do mundo digital, que oferece ao sacerdote novas possibilidades para exercer o seu serviço à Palavra e da Palavra. Os meios modernos de comunicação fazem parte, desde há muito tempo, dos instrumentos ordinários através dos quais as comunidades eclesiais se exprimem, entrando em contacto com o seu próprio território e estabelecendo, muito frequentemente, formas de diálogo mais abrangentes, mas a sua recente e incisiva difusão e a sua notável influência tornam cada vez mais importante e útil o seu uso no ministério sacerdotal.
A tarefa primária do sacerdote é anunciar Cristo, Palavra de Deus encarnada, e comunicar a multiforme graça divina portadora de salvação mediante os sacramentos. Convocada pela Palavra, a Igreja coloca-se como sinal e instrumento da comunhão que Deus realiza com o homem e que todo o sacerdote é chamado a edificar n’Ele e com Ele. Aqui reside a altíssima dignidade e beleza da missão sacerdotal, na qual se concretiza de modo privilegiado aquilo que afirma o apóstolo Paulo: «Na verdade, a Escritura diz: “Todo aquele que acreditar no Senhor não será confundido”. […] Portanto, todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Mas como hão de invocar Aquele em quem não acreditam? E como hão de acreditar n’Aquele de quem não ouviram falar? E como hão de ouvir falar, se não houver quem lhes pregue? E como hão de pregar, se não forem enviados?» (Rm 10,11.13-15).
Hoje, para dar respostas adequadas a estas questões no âmbito das grandes mudanças culturais, particularmente sentidas no mundo juvenil, tornaram-se um instrumento útil as vias de comunicação abertas pelas conquistas tecnológicas. De fato, pondo à nossa disposição meios que permitem uma capacidade de expressão praticamente ilimitada, o mundo digital abre perspectivas e concretizações notáveis ao incitamento paulino: “Ai de mim se não anunciar o Evangelho!” (1 Cor 9,16). Por conseguinte, com a sua difusão, não só aumenta a responsabilidade do anúncio, mas esta torna-se também mais premente reclamando um compromisso mais motivado e eficaz. A este respeito, o sacerdote acaba por encontrar-se como que no limiar de uma «história nova», porque quanto mais intensas forem as relações criadas pelas modernas tecnologias e mais ampliadas forem as fronteiras pelo mundo digital, tanto mais será chamado o sacerdote a ocupar-se disso pastoralmente, multiplicando o seu empenho em colocar os media ao serviço da Palavra.
Contudo, a divulgação dos “multimídia” e o diversificado «espectro de funções» da própria comunicação podem comportar o risco de uma utilização determinada principalmente pela mera exigência de marcar presença e de considerar erroneamente a internet apenas como um espaço a ser ocupado. Ora, aos presbíteros é pedida a capacidade de estarem presentes no mundo digital em constante fidelidade à mensagem evangélica, para desempenharem o próprio papel de animadores de comunidades, que hoje se exprimem cada vez mais frequentemente através das muitas «vozes» que surgem do mundo digital, e anunciar o Evangelho recorrendo não só aos media tradicionais, mas também ao contributo da nova geração de audiovisuais (fotografia, vídeo, animações, blogues, páginas internet) que representam ocasiões inéditas de diálogo e meios úteis inclusive para a evangelização e a catequese.
Através dos meios modernos de comunicação, o sacerdote poderá dar a conhecer a vida da Igreja e ajudar os homens de hoje a descobrirem o rosto de Cristo, conjugando o uso oportuno e competente de tais meios – adquirido já no período de formação – com uma sólida preparação teológica e uma espiritualidade sacerdotal forte, alimentada pelo diálogo contínuo com o Senhor. No impacto com o mundo digital, mais do que a mão do operador dos media, o presbítero deve fazer transparecer o seu coração de consagrado, para dar uma alma não só ao seu serviço pastoral, mas também ao fluxo comunicativo ininterrupto da «rede».
Também no mundo digital deve ficar patente que a amorosa atenção de Deus em Cristo por nós não é algo do passado nem uma teoria erudita, mas uma realidade absolutamente concreta e atual. De fato, a pastoral no mundo digital há de conseguir mostrar, aos homens do nosso tempo e à humanidade desorientada de hoje, que «Deus está próximo, que, em Cristo, somos todos parte uns dos outros» [Bento XVI, Discurso à Cúria Romana na apresentação dos votos de Natal: «L’Osservatore Romano» (21-22 de Dezembro de 2009) pág. 6].
Quem melhor do que um homem de Deus poderá desenvolver e pôr em prática, mediante as próprias competências no âmbito dos novos meios digitais, uma pastoral que torne Deus vivo e atual na realidade de hoje e apresente a sabedoria religiosa do passado como riqueza donde haurir para se viver dignamente o tempo presente e construir adequadamente o futuro? A tarefa de quem opera, como consagrado, nos media é aplanar a estrada para novos encontros, assegurando sempre a qualidade do contacto humano e a atenção às pessoas e às suas verdadeiras necessidades espirituais; oferecendo, às pessoas que vivem nesta nossa era «digital», os sinais necessários para reconhecerem o Senhor; dando-lhes a oportunidade de se educarem para a expectativa e a esperança, abeirando-se da Palavra de Deus que salva e favorece o desenvolvimento humano integral. A Palavra poderá assim fazer-se ao largo no meio das numerosas encruzilhadas criadas pelo denso emaranhado das auto-estradas que sulcam o ciberespaço e afirmar o direito de cidadania de Deus em todas as épocas, a fim de que, através das novas formas de comunicação, Ele possa passar pelas ruas das cidades e deter-se no limiar das casas e dos corações, fazendo ouvir de novo a sua voz: «Eu estou à porta e chamo. Se alguém ouvir a minha voz e Me abrir a porta, entrarei em sua casa, cearei com ele e ele comigo» (Ap 3, 20).
Na Mensagem do ano passado para idêntica ocasião, encorajei os responsáveis pelos processos de comunicação a promoverem uma cultura que respeite a dignidade e o valor da pessoa humana. Este é um dos caminhos onde a Igreja é chamada a exercer uma “diaconia da cultura” no atual «continente digital». Com o Evangelho nas mãos e no coração, é preciso reafirmar que é tempo também de continuar a preparar caminhos que conduzam à Palavra de Deus, não descurando uma atenção particular por quem se encontra em condição de busca, mas antes procurando mantê-la desperta como primeiro passo para a evangelização. Efetivamente, uma pastoral no mundo digital é chamada a ter em conta também aqueles que não acreditam, caíram no desânimo e cultivam no coração desejos de absoluto e de verdades não caducas, dado que os novos meios permitem entrar em contacto com crentes de todas as religiões, com não-crentes e pessoas de todas as culturas. Do mesmo modo que o profeta Isaías chegou a imaginar uma casa de oração para todos os povos (cf. Is 56,7), não se poderá porventura prever que a internet possa dar espaço – como o «pátio dos gentios» do Templo de Jerusalém – também àqueles para quem Deus é ainda um desconhecido?
O desenvolvimento das novas tecnologias e, na sua dimensão global, todo o mundo digital representam um grande recurso, tanto para a humanidade no seu todo como para o homem na singularidade do seu ser, e um estímulo para o confronto e o diálogo. Mas aquelas apresentam-se igualmente como uma grande oportunidade para os crentes. De fato nenhum caminho pode, nem deve, ser vedado a quem, em nome de Cristo ressuscitado, se empenha em tornar-se cada vez mais solidário com o homem. Por conseguinte e antes de mais nada, os novos media oferecem aos presbíteros perspectivas sempre novas e, pastoralmente, ilimitadas, que os solicitam a valorizar a dimensão universal da Igreja para uma comunhão ampla e concreta; a ser no mundo de hoje testemunhas da vida sempre nova, gerada pela escuta do Evangelho de Jesus, o Filho eterno que veio ao nosso meio para nos salvar. Mas, é preciso não esquecer que a fecundidade do ministério sacerdotal deriva primariamente de Cristo encontrado e escutado na oração, anunciado com a pregação e o testemunho da vida, conhecido, amado e celebrado nos sacramentos sobretudo da Santíssima Eucaristia e da Reconciliação.
A vós, queridos Sacerdotes, renovo o convite a que aproveiteis com sabedoria as singulares oportunidades oferecidas pela comunicação moderna. Que o Senhor vos torne apaixonados anunciadores da Boa Nova na «ágora» moderna criada pelos meios atuais de comunicação.
Com estes votos, invoco sobre vós a proteção da Mãe de Deus e do Santo Cura d’Ars e, com afeto, concedo a cada um a Bênção Apostólica.
Vaticano, 24 de Janeiro – Festa de São Francisco de Sales – de 2010.

BENEDICTUS PP. XVI

III Congresso Vocacional do Brasil


sexta-feira, 12 de março de 2010

Mistério e amor

“Este mistério é grande”(Ef 5,32)

Há pessoas que aceitam o mistério e abrem a própria existência a possibilidades inéditas, não medidas por uma lógica subjetiva, não determinada pelo automatismo dos instintos, nem bloqueada
em uma posição medíocre, previsível e repetitiva. Quem se abre ao mistério entra na lógica da vocação.
Ao mistério abre-se a pessoa inteligente, não aquela que renuncia a compreender e analisar tudo o que supera a inteligência humana, e nem aquela que, ao contrário, presume ter entendido tudo e acha tudo claro. E a pessoa inteligente descobre, antes de tudo, que a sua própria pessoa, como um ser vivente, é envolvida pelo mistério, ou seja, origina-se nele. Se, de fato, por um lado sabe e reconhece não ter algum direito à existência, e que está nesta vida apenas porque um outro, aliás um
Outro, preferiu a sua existência à não existência, não pode, por outro lado, conhecer com certeza o porquê desta preferência ou predileção. Admite, sem grandes esforços mentais, que o mérito não é seu e, portanto, chega à conclusão de que este Outro o chama à existência por um gesto gratuito
de Boa Vontade. Aliás, é uma Vontade que o amou, mais exatamente o “preferiu”, ou seja, o amou antes de sua existência e, desta forma, independentemente de seus méritos, o fez existir. Há amor maior do que este? Todavia, tudo isto é envolvido pelo mistério, e, sem motivo algum, não o mereceu, nem com a sua bondade nem com suas virtudes (e como poderia ser diferente se ainda não existia?). A única explicação é o amor, que por sua vez carece de explicação: o amor é mistério. Sem ele não se pode explicar e compreender nada da vida, porém o amor verdadeiro é por si inexplicável, é sem motivações e incondicionado, é desinteressado e não tem outra alegria a não ser o de querer bem. É este o amor que está na origem da vida, de toda vida humana, sem exceções. Este não é apenas o amor dos pais, porque eles também, desde Adão e Eva, não são origem de si
próprios, mas são queridos e amados por aquela mesma Boa Vontade. Quem a descobre e reconhece a aurora da sua existência faz uma experiência fundamental que o marca profundamente.

Sente-se amado, desde sempre e para sempre, por um amor seguro e que dá segurança, que fundamenta a auto-estima e que ninguém e nenhum fracasso nem pecado poderão jamais derrubar. É o amor misterioso que faz compreender e saborear uma verdade em si extraordinária, mesmo que
possa aparentar normal, e de conseqüências enormes: a vida é um bem recebido.

Amedeo Cencini
Religioso Canossiano

quinta-feira, 11 de março de 2010

Ano Sacerdotal, Pastoral, VocacionalPastoral Vocacional

 III Congresso Vocacional do Brasil


Mons. José Maria Pereira*
Considerando o Ano Sacerdotal que estamos celebrando e que será encerrado em junho de 2010; preparando o 3ª Congresso Vocacional do Brasil que será realizado de 03 a 07 de setembro de 2010, em Itaici, SP, temos motivos suficientes para uma maior dedicação à Pastoral Vocacional.
Além do mais, quando contemplamos Jesus Cristo que ao final de um dia, cansado, diante de uma multidão abatida, como ovelhas sem pastor, diz: “A messe é grande, os trabalhadores são poucos. Rogai ao Senhor da “Messe que envie trabalhadores para a sua Messe” (Mt 9, 35 – 38). O Evangelho diz que Jesus vendo a multidão, condoeu-se dela… (Mt 9,36). O verbo grego é muito expressivo, diz: “comover-se nas entranhas.” “Se fôssemos consequentes com a nossa fé, quando olhássemos à nossa volta e contemplássemos o espetáculo da História e do Mundo, não poderíamos deixar de sentir crescer nos nossos corações os mesmos sentimentos que animaram o de Jesus Cristo”. (S. Josemaria Escrivá, Cristo que passa, nº 133). Com efeito, a consideração das necessidades espirituais do mundo deve levar-nos a um infatigável e generoso trabalho apostólico.
Na verdade, recorda-nos o Papa Paulo VI: “A responsabilidade da difusão do Evangelho que salva é de todos os que o receberam. O dever missionário recai sobre todo o Corpo da Igreja. De maneira e em medidas diferentes, é certo; mas todos, todos devemos ser solidários no cumprimento deste dever. Assim pois, que a consciência de cada crente se pergunte: tenho cumprido o meu dever missionário? A oração pelas Missões é o primeiro modo de por em prática este dever” (Alocução no Angelus, 23/10/1977).

A PASTORAL VOCACIONAL TEM POR OBJETIVOS:

Despertar para a vocação humana, cristã e eclesial;
discernir os sinais indicadores do chamado de Deus;
cultivar os germes de vocação e acompanhar o processo de opção vocacional consciente e livre.
“Deve dar ênfase às vocações de especial consagração e, entre elas, particularmente, à vocação ao presbiterato” (Doc. CNBB 55, nº 27).
“A Pastoral Vocacional exige ser assumida com um novo, vigoroso e mais decidido compromisso por parte de todos os membros da Igreja, na consciência de que ela não é um elemento secundário ou acessório, nem um momento isolado ou setorial, quase uma simples parte, ainda que relevante, da pastoral global da Igreja” (Doc. 55, nº 28).
RESPONSABILIDADE PELAS VOCAÇÕES

Na Exortação Apostólica “Pastores Dabo Vobis” (PDV) sobre a Formação dos Sacerdotes nas circunstâncias atuais, nº 41, diz o Papa João Paulo II:
“A vocação sacerdotal é um dom de Deus, que constitui certamente um grande bem para, aquele que é o seu primeiro destinatário. Mas é também um dom para a Igreja inteira, um bem para a sua vida e missão. A Igreja, portanto, é chamada a proteger este dom, a estimá-lo: ela é responsável pelo nascimento e pela maturação das vocações sacerdotais. Em consequencia disso, a pastoral vocacional tem como sujeito ativo, como protagonista, a comunidade eclesial enquanto tal, nas suas diversas expressões: da Igreja universal à Igreja particular, e, analogamente, desta à paróquia e a todas as componentes do Povo de Deus.
É grande a urgência, sobretudo hoje, que se difunda e se radique a convicção de que todos os membros da Igreja, sem exceção, têm a graça e a responsabilidade do cuidado pelas vocações. O Concílio Vaticano II é explícito, ao afirmar que “O dever de fomentar as vocações sacerdotais pertence a toda a comunidade cristã, que as deve promover sobretudo mediante uma vida plenamente cristã”.
“Todos os sacerdotes são solidários com o Bispo e co-responsáveis na procura e promoção das vocações presbiterais. De fato, como afirma o Concílio, “ cabe aos sacerdotes, como educadores da fé, cuidar por si, ou por meio de outros, para que cada fiel seja levado, no Espírito Santo, a cultivar a própria vocação”. É esta “uma função que faz parte da própria missão sacerdotal, em virtude da qual o presbítero é feito participante da solicitude de toda a Igreja, para que jamais faltem na terra operários para o Povo de Deus”. A própria vida dos padres, a sua dedicação incondicional ao rebanho de Deus, o seu testemunho de amoroso serviço ao Senhor e à sua Igreja – testemunho assinalado pela opção da cruz acolhida na esperança e na alegria pascal -, a sua concórdia fraterna e o seu zelo pela evangelização do mundo são o primeiro e mais persuasivo fator de fecundidade vocacional.
Uma responsabilidade particularíssima está confiada à família cristã que, em virtude do sacramento do matrimônio, participa de modo próprio e original, na missão educativa da Igreja mestra e mãe.
Em continuidade e sintonia com a obra dos pais e da família, deve colocar-se a escola, que é chamada a viver a sua identidade de “comunidade educadora” com uma proposta cultural também capaz de irradiar luz sobre a dimensão vocacional como valor conatural e fundamental da pessoa humana.
Também os leigos, em particular os catequistas, professores, educadores, animadores da pastoral juvenil, cada um segundo os recursos e modalidades próprias, têm uma grande importância na pastoral das vocações sacerdotais: quanto mais aprofundarem o sentido da sua vocação e missão na Igreja, tanto melhor poderão reconhecer o valor e caráter insubstituível da vocação e da missão presbiteral.
As várias componentes e os diversos membros da Igreja empenhados na pastoral vocacional tornarão tanto mais eficaz a sua obra quanto mais estimularem a comunidade eclesial como tal, a começar pela paróquia, a sentir que o problema das vocações sacerdotais não pode ser minimamente delegado a alguns “encarregados” (os sacerdotes em geral, e mais especialmente os sacerdotes dos seminários), porque sendo “um problema vital que se coloca no próprio coração da Igreja”, deve estar no centro do amor de cada cristão pela Igreja” (PDV, nº 41).
Para despertar mais a nossa consciência com relação ao trabalho vocacional, eis o que diz o Código de Direito Canônico e alguns documentos da Igreja:
O CÓDIGO DE DIREITO CANÔNICO, CÂN. 233 § 1º:
“A toda comunidade incumbe o dever de incentivar as vocações, para que se possa prover suficientemente às necessidades do ministério sagrado da Igreja toda; em especial, têm esse dever as famílias cristãs, os educadores e, de modo particular, os sacerdotes, principalmente os párocos. Os Bispos diocesanos, aos quais compete, antes de todos, cuidar da promoção das vocações, instruam o povo que lhe está confiado sobre a importância do ministério sagrado e sobre a necessidade de ministros na Igreja; suscitem iniciativas para incentivar as vocações com obras especialmente instituídas para isso.”
O DIRETÓRIO PARA O MINISTÉRIO E A VIDA DOS PRESBÍTEROS, DA CONGREGAÇÃO PARA O CLERO, Nº 32:
“Todo o sacerdote reservará um particular cuidado à Pastoral Vocacional, não deixando de incentivar a oração pelas vocações, de prodigar-se na catequese, de cuidar da formação dos acólitos, de apoiar iniciativas apropriadas mediante a relação pessoal que faça descobrir os talentos e saiba descobrir a vontade de Deus em ordem a uma escolha corajosa no seguimento de Cristo… É “exigência insuprimível da caridade pastoral” que – secundando a graça do Espírito Santo – cada presbítero se preocupe de suscitar ao menos uma vocação sacerdotal que lhe possa continuar o ministério.” Leia mais.....

segunda-feira, 8 de março de 2010

08 DE MARÇO DIA INTERNACIONAL DA MULHER

Sou mulher do Novo Milênio.


Pés firmes e decididos
Trilho o caminho do amor
Deixo pegadas, abro estradas.
Sou mulher do Novo Milênio.
Sou consagrada, sou discípula do Amor,
Coração aberto, olhos despertos,
Não quero a exclusão, busco a integração.
Sou mulher do Novo Milênio.
Carrego nos braços um futuro novo,
Seios fartos do leite da vida,
Ternura e espaço, regaço e abraço,
Vida pr'o povo.
Sou mulher do Novo Milênio.
trago o ventre cheio,
Do desejo de partir um tempo novo,
De muita ternura e tanta fartura,
Pra não haver mais penúria.
Sou mulher do Novo Milênio.
Sou ousadia, coragem, teimosia.
Sou o futuro do passado já presente.
Sou o canto, dança... tempo em mudança.
Sou uma nova mulher!


Helena T. Rech - STS

DIOCESE DE OLIVEIRA-MG

quarta-feira, 3 de março de 2010

Brasil: arcebispo pede incremento das vocações diaconais

Dom Orani Tempesta enfatiza riqueza da vida, da missão e do trabalho diaconal

O arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani Tempesta, pede aos padres de sua arquidiocese que se empenhem “para o frutuoso incremento das vocações diaconais”.
Em artigo difundido hoje no portal da arquidiocese do Rio, Dom Orani considera que a retomada do ministério diaconal, “como uma vocação própria, é uma grande riqueza para nós”.
“Tive a oportunidade de poder vivenciar várias experiências ligadas ao diaconato permanente, seja em minha paróquia, seja iniciando a escola diaconal em minha primeira diocese ou então continuando uma caminhada das mais antigas do Brasil, na arquidiocese anterior a que servi”, conta Dom Orani.
O arcebispo afirma que percebeu “a importância e o valor do diaconato permanente, tanto no campo social como na presença evangelizadora da Igreja nos diversos âmbitos e também nas comunidades. Posso testemunhar, por minhas experiências, a riqueza da vida, da missão e do trabalho diaconal o bem que se faz à Igreja”.
Dom Orani cita exemplos de algumas dioceses dos EUA: Nova York conta com 377 diáconos, Los Angeles, 261, e Boston possui 257. “Os pastores dessas megalópoles, com todos os seus desafios pastorais e sociais tão grandiosos quanto os nossos, souberam acolher a proposta conciliar e deram passos que hoje marcam o trabalho dessas Igrejas”.
No Rio de Janeiro, o prelado recorda a presença da Escola Diaconal, “onde os candidatos passam quase 5 anos de intensa formação doutrinal, pastoral e sacramental, de acordo com as horas-aula que são exigidas, segundo os documentos que organizam a formação diaconal”.
“Com toda esta história e com o trabalho sendo bem desenvolvido, peço a Deus que nos envie muitas vocações para que possamos incrementar ainda mais, com o diaconato permanente, a nossa missão evangelizadora e catequética nesta grande cidade”, afirma o arcebispo.
Dom Orani confia “principalmente aos párocos o discernimento vocacional para que, consultadas as comunidades e os conselhos paroquiais, indiquem candidatos para serem encaminhados nessa direção”.
“Os párocos devem perceber em suas comunidades aqueles homens capazes de assumir essa caminhada vocacional, e também estar abertos para as vocações que lhe chegam espontaneamente ou indicadas por pessoas conhecidas que querem o bem da Igreja.”
“A própria comunidade paroquial é fonte de vocações desses homens que estão dispostos a uma doação mais radical e profunda pela causa do Evangelho”, afirma.
O arcebispo reafirma que estará “sempre empenhado, seguindo a linha de ação pastoral de meus predecessores, no desenvolvimento da vida diaconal em nossa Arquidiocese, com tanto vigor quanto tenho pelas vocações sacerdotais e religiosas”.

AGENDA DO SAV LESTE II


PASTORAL: VOCACIONAL

ATIVIDADE DO REGIONAL LESTE II
- Reunião da coordenação das províncias

DATA
09 de março
01 de junho
05 de novembro

LOCAL:
CNBB –Av. João Pinheiro, 39 - 2° andar - Belo Horizonte -

CONTATO: Ir. Gervis Monteiro

ATIVIDADE:

1° Congresso Vocacional – Regional Leste II
Centro de Formação Martina Toloni -Vila Velha – ES.
Arquidiocese de Vitória
DATA:
30, 31 de jul a 01° de agosto
CONTATO:
Ir. Gervis Monteiro e Pe. Márcio Ferreira de Sousa
ATIVIDADE:
III Congresso Vocacional do Brasil
Itaici- São Paulo
03 a 07 de setembro de 2010.
CONTATO: Ir. Gervis Monteiro
ATIVIDADE:
Reunião dos coordenadores do SAV em nível nacional
Centro Rogate – São Paulo
DATA:
22 a 23 de março
Reunião Conjunta da CMOVC
DATA: 25 a 28 de outubro
LOCAL: Aparecida-SP
CONTATO:
Pe. Reginaldo
ATIVIDADE:
Celabração do dia do Bom Pastor
Tema: Testemunho suscita vocações
DATA: 4° domingo da Páscoa
CONTATO: Ir. Gervis e coordenadores das províncias eclesiástica
ATIVIDADE:
Celebrar as diversidades das vocações na Igreja.
Em todas as dioceses
DATA:Agosto mês vocacional
Tema: Discípulos Missionários a serviço das vocações’
CONTATO:
Ir. Gervis e coordenadores das províncias eclesiástica
Província de Belo Horizonte
ATIVIDADE:
Reunião da coordenação
DATA:
08 de fevereiro - Casa de Oliveira - BH-8h30min às 13h
03 de maio - Casa de Divinópolis - BH - 8h30min às 13h
04 de outubro - Casa de Sete Lagoas - BH - 8h30min às 13h
Seminário S. José em Belo Horizonte
- III Assembléia do SAV
DATA: 12 a 14 de novembro
LOCAL: Divinópolis

CONTATO:
Pe. Everaldo Quirino
Província de Belo Horizonte Pe. Everaldo Quirino
Província de Diamantina
ATIVIDADE:
Estudo do texto base do III Congresso Vocacional
LOCAl: Diocese de Almenara
data: 31 de abril a 01 de maio
contato: Pe. Aleandro Santos Vieira

Província de Juiz de Fora
ATIVIDADE:
- 1° Sínodo arquidiocesano
LOCAL: Juiz de Fora
13/12/2009 a 21/01/2010
- Estudo do texto base do III Congresso Vocacional
Local a definir
Data a definir
CONTOATO: Ir. Terezinha e Willian

Província de Mariana
ATIVIDADE:
Ceara: grande encontro de juventudes
DATA: 13 a 16 de fevereiro
LOCAL: Viçosa
- Reunião da coordenação
DATA:
20 de março
09 de outubro
- Estudo do documento final do III Congresso vocacional do Brasil
DATA: A definir
Novembro
CONTATO: Ir. Eva
- Encontros vocacionais
LOCAL: Governador Valadares
DATA: Um vez por mês
CONTATO: Padre Anderson José de Paula
- Reunião da coordenação do SAV e GV
Gov. Valadares
Um vez por por mês
CONTATO:
Padre Anderson José de Paula
- Assembléia de Animadores Vocacinais (Mariana)
Data: 15 de maio
Local: Ponte Nova

Província de Pouso Alegre
ATIVIDADE:
Encontro de Acompanhamento Vocacional
LOCAL: Três Corações Dioc. de Campanha
19 a 21 de fevereiro
CONTATO: Reginaldo
- Encontro Diocesano da OVS
LOCAl: Três Corações (Dia Mundial de Oração pelas Vocações)
25 de abril
- Congresso/Assembléia Vocacional
Diocese da Campanha
Data a definir
- Reunião da coordenação das dioceses do SAV
Diocese de Campanha
DATA: maio
- Encaminhamento para o I Congresso Regional
Local a definir
DATA: Junho e setembro
- Congresso Vocacional
Três Corações diocese de Campanha
DATA: 12 a 14 de novembro
Província de Montes Claros
ATIVIDADE: Reunião da coordenação
LOCAL: Paracatu
DATA: 02 de março
CONTATO: Pe. Antonio Eduardo